De Maio a Dezembro de 2019 na APLB de Castro Alves, o psicólogo Tárcio Silva realizou 105 atendimentos. Isso foi resultado do projeto “Cuidando Daquele que Cuida”, que ofereceu atendimento psicológico para profissionais da educação. Ao entrarem numa sala localizada no fundo do sindicato, preparada para a terapia, os pacientes puderam falar sobre seus problemas emocionais, encontrando ali o apoio necessário.

O atendimento promoveu um espaço de autoconhecimento, focando em terapias que possibilitassem aos pacientes o encontro das potencialidades pessoais. As precárias condições de trabalho, somadas à desvalorização profissional estão piorando os problemas de saúde dos profissionais da educação, sobretudo do magistério. O estresse permeia a maioria dos trabalhadores em atividade na rede municipal de ensino. Algo precisava ser feito.

Tárcio, o psicólogo responsável, percebeu que os trabalhadores em educação de Castro Alves estão ficando doentes por conta de sobrecarga na função. Outro problema geral é que as famílias estão terceirizando a educação, e no final das contas o papel do professor se multiplica. “Hoje o professor assume funções do pai, da mãe, que é o da educação doméstica. É preciso que as famílias voltem a praticar essa função, mas infelizmente na sociedade de hoje os pais não estão tendo tempo para educar seus filhos”, pontua.

Para Tárcio, as principais causas do adoecimento mental da categoria são decorrentes da ansiedade, nervosismo, estresse, síndrome do pânico, síndrome de Burnout, depressão e reações a luto.

Relatos de superação dos pacientes

Foi o caso da professora “X”, que preferiu não se identificar. O motivo que influenciou a docente a procurar atendimento foi a morte de um ente querido. “A perda estava afetando o meu humor, fiquei sem vontade de levantar e trabalhar. Eu tinha muitas crises de ansiedade, a questão do medo, da insegurança, eu chorava muito, não tinha muito ânimo”, conta.

Ela ressalta que a partir dos atendimentos o problema foi se amenizando. “Ter passado pelo psicólogo foi importante porque eu aprendi a administrar minha ansiedade. A terapia auxilia você a não somatizar as coisas”.

Uma funcionária, identificada como “W” disse que trabalha num ambiente bastante conturbado e sofre constante pressão na sua função. “Me sinto reprimida, trabalho numa escola onde se deixa claro o tempo todo que somos subalternos por termos uma função inferior. Acho que deveria ter uma lei que garantisse o acompanhamento psicológico para todos os funcionários da educação. É muito válido o que a APLB está fazendo, tem me ajudado bastante.”, afirma.

A situação da professora identificada como ¨Z” é semelhante.  O estresse agudo fez com que ela procurasse tratamento na APLB. A docente se cobrava bastante ao transmitir um aprendizado de qualidade para seus alunos.

“Eu me cobrava muito em virtude de ser cobrada, então eu dava tudo de mim para aquele aluno aprender, evoluir, mas eu ficava frustrada porque eu não conseguia {ver] o resultado [imediato]. Hoje me sinto mais controlada, vivendo um dia de cada vez”, relata.

A professora Herica Costa, que aceitou se identificar nesta matéria, elogia o fato de a APLB colocar um psicólogo a disposição da categoria. “O acompanhamento me deu segurança, não esquecendo da Gestalt que Tárcio sempre colocava. A superação está sendo positiva. Agradeço a Deus, a minha família, ao meu querido psicólogo, a Gilvan e Edna pela brilhante parceria em adquirir para os profissionais da educação esse maravilhoso benefício”.

A APLB Castro Alves segue atenta à situação da categoria. Em meio a tantos retrocessos na política sindical e na retirada de direito dos trabalhadores, o sindicato a cada dia se reformula. O trabalho em prol da categoria vai continuar em 2020, com um sindicalismo forte, plural e representativo, junto com você, na luta.

Confira aqui o psicólogo Tárcio, em vídeo, convidando a categoria para participar do projeto

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Ivisson Costa (MTb 6006-BA) 
Jornalista 

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